Semana Latino-Americana e do Caribe de Economia Social e Solidária
Economia Social e Solidária por um futuro comum: A transição a partir dos territórios
Pensar e fazer Outras Economias na América Latina e no Caribe
Em um mundo cada vez mais tensionado por múltiplas crises – ambientais, sociais, econômicas e de governança -, a Economia Social e Solidária (ESS) se desdobra como um movimento global em expansão. Em diversos territórios do planeta, surgem redes e experiências que reconfiguram a relação entre economia, sociedade e natureza, desafiando os modelos hegemônicos centrados na acumulação e na concorrência.
Essa auspiciosa dinâmica se expressa na crescente articulação de redes internacionais de ESS, que fomentam o intercâmbio de aprendizados e práticas; as revistas de ESS que operam como plataformas de diálogo entre experiências e reflexões; os espaços multilaterais como ONU, OIT ou UNESCO; e as experiências sistêmicas que emergem na África, Ásia e Europa, nutrindo os processos no Sul Global. Essas articulações internacionais permitem reconhecer a ESS não apenas como um conjunto de práticas locais, mas como um tecido planetário de transformação, que vincula o territorial com o global, o comunitário com o estrutural.
Nesse contexto, a América Latina e o Caribe possuem uma tradição histórica de lutas e formas organizativas que antecipam, reconfiguram e enriquecem essas propostas. Desde as independências do século XIX, passando pelas revoluções sociais, educativas e populares do século XX, até os atuais ensaios de integração regional – UNASUL, ALBA, CELAC -, forjou-se um acúmulo político e cultural que permite pensar em uma economia para a vida com raízes próprias.
A crise hegemônica global, a transição para uma multipolaridade incerta e as tensões desglobalizadoras abrem uma janela para propor modelos alternativos de desenvolvimento, onde a ESS – junto com a economia popular – disputem sentidos, articulem propostas e incidam nas agendas públicas.
Nesse horizonte, nossas universidades são chamadas a fortalecer o pensamento crítico, contribuir para novas formas de institucionalidade pública e fomentar diálogos com as organizações comunitárias, sociais e solidárias, reconhecendo seu papel na construção de autonomia e justiça social. Este trabalho deve avançar rumo a uma descolonização epistemológica, rompendo a subordinação ao saber eurocêntrico e abrindo espaço ao pensamento emancipatório de nossos povos.
Durante muito tempo, as práticas associativas operaram como estratégias defensivas frente ao neoliberalismo e à precariedade. Hoje, a ESS precisa afirmar-se como iniciativa propositiva e transformadora, orientada a proteger a vida, garantir direitos e reconstruir a casa comum.
As redes de ESS podem ser uma contribuição chave, como fator e suporte da necessária integração de nossos países, mediante a gestação de novas formas de complementaridade e aproveitamento de sinergias, promovendo a comunicação das experiências, os avanços normativos e institucionais, a reflexão crítica, as agendas comuns; ao mesmo tempo que integram culturalmente o bem-viver dentro da ESS. Simultaneamente, dado que muitas dessas redes são promovidas, acompanhadas ou contam com a participação de equipes universitárias, este itinerário pode contribuir para a articulação de nossos sistemas educativos e científico-técnicos, como componentes fundamentais para o fortalecimento da ESS, a consolidação do pensamento emancipatório e a autodeterminação política de nossos povos.
Com esse espírito, e no âmbito do Ano Internacional do Cooperativismo, estamos convocando uma Semana da ESS na América Latina e no Caribe de 3 a 7 de novembro de 2025.
Convidamos todas as redes de Economia Social, Popular e Solidária que se sintam identificadas com essa convocação a se juntarem a nós.